"Começa em vagos sons meu estro a palpitar, qual de uma harpa eólia o triste delirar... Já sinto estremeções; o pranto segue ao pranto, e o duro coração se abranda por encanto. O que foi, torna a ser. O que é, perde existência. O palpavel é nada. O nada assume essência." Goethe
sábado, 30 de junho de 2012
sexta-feira, 29 de junho de 2012
CERTEZA
Sonhará
o verme
Criado
em sopas no estomago
Degustar
verdades nas carnes do cérebro
Suculentos
pedaços de contradição
Multiplicadas
como fungos, frágeis, cinzas e epidêmicas.
Consciência
fria, matéria liquida.
Ah!
Recipiente de certeza
Lava
sua alma,
Reza!
Com presa, contempla, idolatra de pé;
Com
fé! Crê, sente com os sentidos do teu mestre;
Obedece!
Obsecado, versado sobre sua grandeza.
Ser
ausente de fraqueza,
Franqueza
universal, unilateral e imaculada.
Rato!
O
verme frio logo subira sua garganta
Cessando
o esgoto que corre em sua boca
Sufocando-te
com o suco podre de suas entranhas
E
mesmo a ti será estranho um porco.
[L.B]
[L.B]
Rua crua.
Noite
fria.
Sonâmbulo,
com véu de garoa.
Caminhando
entre velhos tortos,
Frientos,
magros, calados!
Versados
sobre a fome.
Jogados no canto
garotas,
nos braços, marcas de um aranhão.
Forçado,
conjugado
com ignorância, muda.
Nua como as pedras
que a fazem eco.
Grito agudo na rua
Grito agudo na rua
Clamor do beco.
Luz
difusa na lagrima.
Espasmo!
[L.B]
NOITE
À
noite!
Espaço
de recomeço
de
verdades do avesso certo.
Errante
trato que traz apreço
e
aperta o passo, aperta o abraço e oprime os olhos, vermelhos.
Apressa
por força a lua,
Apressa
por fome os ratos
e
o pensamento, por simples solidão,
apressa
ao desespero.
Estrago
no tempo, disfunção da razão!
Loucura
da noite.
Penumbra!
Insana!
Disforma o rosto na escuridão da lembrança
Anabólico
do amor.
Fé no nada.
[L.B]
FORTALEZA
Sensação
de areia.
Grão
em grão formando monólitos
Somando
tons em nova coerência.
Coesão
de pedra,
Jamais,
dureza pura.
Inabalável
fortaleza.
Das
duas,
nada
mais é que condição.
Grão,
sua
estrutura de formação, homem!
Que
o acaso apresenta aos seus atores.
Instrumento
do tempo: vento,
flagela
a fria superfície,
açoita
permanentemente as formas,
mascando
as lascas mais arredias
cuspindo
aos céus os marcos da existência sólida.
Torna
a pedra submissa
sujeita
o corpo as cordas do seu som.
Caótico
ordenado tom;
concerto
da vida.
Inconsertável
incerta
Resta!
L.B
INTROSPECÇÃO
Pobre ser calado
Não fechará jamais seus olhos arregalados?
Corrompera sempre o gozo com pranto
Mantendo em ti o espanto,
Do tal combate estridente,
Cujos dentes roem circularmente seu corpo
Minando contornos de sua alma
Tecendo fios de sua mortalha
Recolherá sempre seus pensamentos,
das razões e sentimentos
Até nada mais saber
Até enfim escorrer
a força toda de sua presença.
[L.B]
INSÔNIA
Abandonado pela última fé
Ingrata insônia!
Retorna para onde teve sempre quente morada
Relembra teus dias de glória
Preenchendo horas com tudo e nada
Entre delírio e desespero
agora o nada!
Onde está febril loucura
que faz tornar poema a própria pele
e colher sangue e dor como fruto do amor
entre soluço e lágrima,
o nada!
Insônia!
Seca novamente o sulco dos meus olhos
Força-os a estar abertos.
Pra contemplar noite adentro,
existência virtuosa.
[L.B]
(imagem inspirada no conto, INSÔNIA - narração de um sonho acordado - de Graciliano Ramos; sensação insônia: "esperarei que o relogio bata novamente e me diga que vivi mais meia hora neste horivel jato de luz")
(imagem inspirada no conto, INSÔNIA - narração de um sonho acordado - de Graciliano Ramos; sensação insônia: "esperarei que o relogio bata novamente e me diga que vivi mais meia hora neste horivel jato de luz")
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