sábado, 30 de março de 2013

SANTUÁRIO




A atmosfera reza a madrugada,
Ladainha metálica.
O denso silêncio,
Pesa sobre os papeis riscados.
Sobe a temporã à luz dourada,
Incita a procissão de pensamentos.
Inscreve na memória, a pura
inspiração.  

Lá fora,
Solitária, a lua seleta admiradores.
Doa-se sem condições aos desgarados.
E reflete as belas almas,
Em calidoscópio, mil cores, girando, deslumbrando os que vivem.
Não para mim, que das cores da vida sou cego.
Não que seja ego,
De mim só sei das lentes,
Condição da minha vertente,
Composição da minha fé,
De indizível cor única, vejo.

És a vela quente que roga, incansavelmente. Derramando-se,
quente. envolvente
cera branca.

De única cor, alimento.
Essa, decorrada, de/coração, ás vezes descorada.
Nunca, porém apagada, plastificada.
Ecoa o som do tigre sonho humano,
Tão triste (sou) por não ter boa tinta a pintar-lhe o mundo
Da beleza azul dos céus,
Do escuro mar, solicito.
Para onde sem medida corre
Em puro ser.

De cor única, respiro.
A paz do inconstante perpetuo,
Pétreos olhos fundos.
Ofereço-lhe meu castelo
De sol da manha
De minguante lua chorosa.
[L.B]

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