terça-feira, 18 de março de 2014

A ÉPICA


Esqueço quando foi.
Certo é que foram dois estalos:
sutil, o primeiro,
foi de manha,
bem quando despontou o amarelo do sol
e as flores forraram as grams.
Vida pululando,
um frio na espinha
e eu posto
coberto de cobre
armadurado de amargura.
Para amar!? Há...
Com espírito amargo!
Fala exaltada e pompante.
Movendo a terra como corpos,
rangidos.
Voz(de)ci-fera,

Tragédia.
Brigar ao espelho.

Uma bala sangra o vento,
Cicuta: veneno antigo
escondido no zumbido das campinas,
batalhão de zangões de chumbo.


Esta no ultimo degrau a reviravolta,
no absurdo o sentido,
máxima inominável é o presente. 
Sendo assim
Podem as folhas velhas
oxigenar a terra.
E do borro marrom
saltar amarelo trigo,
Uma obra de orelha e sangue.
Que germina o sol,
aquece o coração,
e sintetiza o azul do céu,
veraneia....
O gelo intrépido cai, 
mingua,
encerra o fatidico ato da dança clássica.
Sobre o chão
Corre rio manso.
paralelo ao Aqueronte.

Quando se rema no rio dos mortos.
Perdida é a vida,
essa turva água
opaca as luzes
sopra as velas
desmoraliza as emoções.
No mar de corpos
apoiam-se os remos,
ou caminha,
como deus carniçal.
O destino molda
com moedas de troca
seu estado de animo,
o metal é violência,
as formas o amargos,
e o cambio é a colerá. 
Nos pés tem correntes invisiveis
és um avatar de demônios.
Tão torto
que as vestes de Caronte,
fazem rir,
- simbolismo pseudomístico do negro -
burburinho da
mazela humana,
É um cerebro entre as cabeças
de cérbero.  

No rio vizinho, paralelo.
Donde, em algum momento,
se viu visitante,
como abduzido, do caos à paz.
Quando respira a veu d'agua
plenamente vivo,
Ao ponto de duvidar
dessa verdade da dor!?
Sabe-se
sem sacar sentidos,
gerenciar com a razão,
duma confirmação desguarnecida,
longe dos adereços de equações e glórias.
Abre a existência
Como uma janela branca
Dada para o mar...
desaguado o presente.
Resumindo estar e ser
em onda e remanço. 

Nessas águas,
metais, mesmo o ouro,
são pífias pedras foscas,
efêmeras como uma palavra gritada.
As formas vão com o vento.
E o cambio rebatiza-se
- é completude -  
Lá verdade
é um suspiro
que dobra o certo com o incerto,
forma um cisne origami
e voa.

São outras águas,
Lustradas por estrelas,
Coradas de aconchego,
Livres.

A conciencia balbucia
essa vida embriagada
cabaleante entre dois modos de viver.
trânsito rude.
Entre dois mundos.
Dentre os quais
se atravessa
sem se dar contra
arcado demais com as armas sobre os ombros,
cansado demais de peito undante,
de inquéritos inúteis, virulento.
Fera e homem
entre labirintos de ego.

Então vem outro estralo,
Agora,
agudo, penetrante.
Rasga espaço entre os tecidos
Liquidifica cada parte,
em turbilhão de calor e orvalho.
tosca a armadura desvanece,
não há malha que suporta
Nem corpo deverás resistente
Que não pulse.
Nem carne que não fere,
queime,
como por chaga química.

É o gole
de ácido caustico,
amor,
um indigente deste mundo,
devorador da apatia.
clava do renascismento. 

[L.B]