sexta-feira, 23 de março de 2018

MENTIRA


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Tudo é mentira
es verdade
não há deus da ciência,
nem certeza de tempo
É só efeito do agora
distorcido numa percepção
sobrevivente…

Nenhuma verdade nos guia
porque tudo está posto
a ferocidade da nossa crítica
lenha que ferve
as bases desse corpo moderno...

No mundo de todas as mentiras
ainda assim não posso varrer
a selva que cresce em mim
- uma saber ecológico -
que no quadro das dissoluções
sonha-me uma completude
além de mim.

Nenhuma mentira
que crie agora
é capaz de cobrir
- nada será igual sem você -
Fraco que sou
aceito amor
como verdade...
o mais alto do vazio
e da completude em mim.

[L. B]

REVERBERAÇÃO


Os dias mudaram
mas o sarro é que ainda sou o mesmo
eu já não posso com o álcool
me enfraquecem as noites mal dormidas
e detalhes banais da existência
tem agora a vivacidade
que minha fé dizia visível
apenas para as nebulosas,
as epifanias e os grandes quadros.

O detalhe já não é
nem sinal,
chave ou subsolo.
Essa inversão que forcei
e tão fácil parece satisfazer-me
abriu uma nova cortina para o mundo
É a mundanidade das coisas
rolando quadro a quadro sobre o tempo
donde jorra agora a beleza…

Que foi que apreendi:
se olho um belo céu
admira-me não mais o instante
- eu aceito a incerteza
como a vida encara a morte,
um sentido para sentir -
Porque a resistência do presente
cria, no desejo
esperança e voz
o erro duma escolha
capaz de dissimular o caos
em verdade, furar
a solidez da instantaneidade
pelo impulso da nossa humanidade.

E me parece que não há torção maior
que possa fazer em mim
viver amando, diante do insustento
sustentar-se teimando
desprovido de uma razão libertadora
sonhar a loucura
de que toda essa comoção
meu choro, minha saudade
as noites sem dormir
minha insegurança e cuidado
com aquilo que me comove,
faz o sentido de existir!
[L.B]