Os
dias mudaram
mas
o sarro é que ainda sou o mesmo
eu
já não posso com o álcool
me
enfraquecem as noites mal dormidas
e
detalhes banais da existência
tem
agora a vivacidade
que
minha fé dizia visível
apenas
para as nebulosas,
as
epifanias e os grandes quadros.
O
detalhe já não é
nem
sinal,
chave
ou subsolo.
Essa
inversão que forcei
e
tão fácil parece satisfazer-me
abriu uma nova cortina para o mundo
É a
mundanidade das coisas
rolando
quadro a quadro sobre o tempo
donde
jorra agora a beleza…
Que
foi que apreendi:
se
olho um belo céu
admira-me
não mais o instante
- eu
aceito a incerteza
como
a vida encara a morte,
um
sentido para sentir -
Porque
a resistência do presente
cria,
no desejo
esperança
e voz
o
erro duma escolha
capaz
de dissimular o caos
em
verdade, furar
a
solidez da instantaneidade
pelo
impulso da nossa humanidade.
E me
parece que não há torção maior
que
possa fazer em mim
viver
amando, diante do insustento
sustentar-se
teimando
desprovido
de uma razão libertadora
sonhar
a loucura
de
que toda essa comoção
meu
choro, minha saudade
as
noites sem dormir
minha
insegurança e cuidado
com aquilo que me comove,
faz
o sentido de existir!
[L.B]
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