sexta-feira, 24 de julho de 2015

REMONTE




Findou quanto mais desejei
eis que é sina
ser quando não se pode
ou é projeto ou é desgosto
Vem ideias
falta o acento
ou longe figura as folhas
Se a ser me preparo
armo, sentando, posto
cega-me de branco as vistas.
Sentir, poder e ser
são casos fúnebres

sempre choram uma morte.

[L.B]  

GENEALOGIA

Vez em quando
Cultuo amor e madrugada
como irmãs gêmeas.
Unas na ignorância
dos abismo metafisico.

Sinônimas
dotadas, cada qual de próprio ego
ao passo que
quando querem distanciar-se
aproximam
e se contrariam
complementam.

A madrugada
escorre languida
penumbra e gélida,
desejosa de esperança.
Consoladora da dor,
pela dor que cresce
mas, certa que finda.
É pedagógica
por que consternas
em seus porões
sem médias,
a medida é do açoite,
o arrebate certo e esperado.

O amor
flutua e flora
fresco e luzente.
Doí de alegria,
torce de paixão.
Queima em brasa,
achega em abraço
e sossega em beijo.
É prepotente de sua infinidade
e afim do desespero
que ri e encoraja.

Eis que ambas dilatam
pelo certo e incerto
o tempo.
Enquanto uma escura
turva pela melancolia
outra verte pela euforia.
Peca uma pela autoridade
outra pela ausência.
Mostra-se uma pela presença
outra pela ausência.
Ou não
pois há que se confundem...
caladas, solitárias, sonambulas/
irresistíveis, plenas e cativantes.

É que o amor tem hábitos noturnos
e a madrugada respira amor.


[L.B]

quinta-feira, 19 de março de 2015

Deusa do Real



















Queria tornar-me uma deusa
Dos aspectos temporais
Entender a métrica no passar das horas
E controlar os meus segundos

Transformaria-me em máquina
De tele-transporte
Uma engenhoca desengonçada
Para aparecer nas manhãs de desalento
Onde seus olhos abrem-se murchos e tristonhos
E tapar-lhes com um beijo

E a respiração que exalar de você
Re-transformar-me em vida
Humana, real.
Para admirar-te, 
Em nossas qualidades iguais,
Arder em chamas de acalento,
Na realidade palpável.

(C.V)

Transtorno Emociono-Geográfico.




Eis que a solidão arrebentou
Porta à dentro
Entrou como ciclone
E formou seu olho sob a cabeça 
(PERTUBAÇÃO)
E o cume no coração
(DESESPERO)

Chorou no vendaval
Transformou-o em furacão
Sugando vida para si
Sangrando as entranhas

Finalmente acaba
- Para deixar doer -
E sobra o gélido tempo...
A chuva torrencial
Levando os destroços
Além da vista

E o que se foi
Nunca voltará a ser
Mas tornará-se um impactante desconhecido
Deixado à mercê
Das vontades da Senhora ranzinza que não divide seu abrigo
Chamada Saudade.


(C.V)