sexta-feira, 1 de março de 2013

[C. V. B]


        Já passaram das quatro da manhã e a mente da pequena mulher continuava vagando, caminhando por esquinas e estradas pelas quais nunca passara. Então aquele estranho arrepio subiu-lhe a nuca. Ah, como aquele pobre coração almejava sentir algo, como gostaria de descobrir a veracidade de um amor de contos antigos. Era claro que a culpa era indispensavelmente dela, afinal, nunca se deixara aproximar-se o bastante das pessoas pra se apaixonar. Morria de medo de sentir as mãos suadas e o pulsar forte do coração.

      Ela apenas deixava seus devaneios a levarem para longe, idealizando amores que nunca seriam reais. Estúpida! Por que nascera nesta carne humana tão fraca, tão idealizadora. Ela se perguntava por que amar era considerado tão importante assim?! Por que uma necessidade tão esperada por toda a vida. Diziam a ela que mata a sede da alma, que reaviva a humanidade presente no espírito. Mas para ela era difícil de acreditar sem nunca ter experimentado, pois acreditava que a vida seria digna sem um homem ao seu lado, pois apenas usaria a razão, a lógica, não precisaria acreditar em juras de amor e sentimentos apaixonados.
     Ignorante mente jovem, desconhecia as almas que um dia chegariam a dela. Sempre vagarosa, sua cabeça voltava ao lugar, ao quarto escuro, cercado de sombras imaginárias e sonhos jogados ao vento, misturando-se ao aroma de perfumes baratos, dessa forma, a pequena mulher adormeceu, consciente de quê a próxima noite estava à espreita, esperando para pregar-lhe mais peças.

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